domingo, 22 de maio de 2011

Armadilha psicológica



Levantar aqueles pesos posto nas extremidades do cabo de vassoura era fácil, já estava habituado aos exercícios; na verdade esses exercícios que me motivavam. Deixei o peso cair no chão, limpei meu suor com as costas da mão e adentrei pela casa indo direto ao meu quarto. Tomei um banho para tirar todo aquele suor e odor causada pelos exercícios feitos no quintal; me vesti bem, mamãe sempre me disse que ficava bonito com a essa pólo azul.
Descer aquelas escadas nunca foi tão fácil, o sentimento que me estimulava estava maior como meus músculo adquiridos nos últimos meses. Apesar de minha cara estar fechada sorria maliciosamente por dentro, hoje seria o meu dia.
- Aonde vai irmãozão? – escutei a voz adocicada de Emanuelle na porta da cozinha
- Vou à uma festa. – disse rouco, minha voz sempre estava assim por nunca falar
- Me leva com ...
- Não. – cortei-lhe logo – Você fica, essa festa é de negócios.
- Negócios? Você nem trabalha, passa o dia inteiro no quintal se exercitando e comendo que nem um esfomeado.
- Emanuelle os problemas são meu, deixe que eu cuide deles. – na verdade o problema de hoje era dela também; nossa cor negra seria adorada hoje. Por mais que eu esteja fazendo isso também pela minha irmã a questão é que no mundo feminino ser negra não é um problema já que nossa cor dá-lhe mais sedução; infelizmente as coisas não são assim no universo masculino.
Mesmo depois de ser mal criado com minha irmã sai confiante. A casa onde estava à rolar o churrasco da turma era bem perto de casa, ficava no máximo à 3 quadras depois da minha. Cheguei a tal casa logo, não precisei apertar a campainha os donos já esperavam visitante então deixaram as portas abertas. Procurei não conversar com ninguém, apenas manter o foco, infelizmente não era isso o que queriam de mim.
- Que cara fechada é essa? – essa era a Luana, namorada do idiota preconceituosa e popular
- É a cara que sempre tive. – respondi
- Mas isso é uma festa Leandro. – ela sorriu naquele tom de flerte. – Sabia que gosto de homens musculosos?
- Vá dizer ao medíocre do seu namorado. – larguei-a falando sozinha, precisava voltar ao meu foco. A área da churrasqueira era um quintal grande, tinha muitas pessoas ali e estar sem meus óculos de grau dificultou muito na busca. Peguei um copo de refrigerante e então encontrei-o ali num canto testando sua guitarra, larguei o copo, cerrei meus punhos e fui em sua direção.
Com os punhos cerrados impedindo meu sangue de fluir normalmente vi na minha cabeça todas as imagens onde aquele garoto branquelo me chamava de negro, dizia que era uma escória e jamais chegaria a ter o poder de um branco; quantas vezes fui obrigado a fazer lições e trabalhos para ele enquanto me chamavam de escravo mas hoje isso iria acabar.
Cheguei na sua frente tapando a luz do sol, ao levantar a cabeça e me ver sorriu. Vendo aqueles dentes brancos e perfeitamente alinhados por usar aparelho acertei-lhe um murro na boca; sua fisionomia mudou para surpresa e foi então a minha vez de sorrir. Aproveitando-se da situação esmurrei lhe seguidamente cada vez com mais força.
- Esperei muito tempo por isso, Roberto. Finalmente posso me vingar das sua humilhações. – gritava enquanto continuava repetidamente com os murros, seu nariz e boca era um poça de sangue, seu olho esquerdo estava vermelho; me sentia vingado por tantos anos de humilhação por tirar notas boas enquanto era apenas um negro; sua respiração começou a falar, antes que desmaiasse dei-lhe minhas últimas palavras  – O senhorzinho brincou com o escravo errado. – e então Roberto que em nenhum momento teve chance de se defender fechou os olhos desmaiado aos meus pés, aquele branquelo foi derrotado por um negro.


Essa história não é ficção, muito pelo contrário foi baseada em fatos reais e o que aterroriza é como o bullying está mexendo com o psicológico das pessoas à ponto dessas vinganças serem tão traiçoeiras até uma ou várias pessoas morrerem. Bullying é uma coisa séria, quem pratica e quem revida, ambos, são errados.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Religião Nacional


O relógio nos indica que vai começar, a vinheta da televisão convida o silêncio para o aposento, no sofá homens e mulheres assistem atentos onde de tempos em tempos se houve uma resposta malcriada para um personagem que ali no campo está. Não estamos numa igreja, não é à um religioso que está a atenção; na verdade o grande espetáculo está ali nos pés de alguns homens que dominam a bola num campo verde. Essa é a nossa religião nacional, num país laico onde nenhuma religião é a oficial optamos por uma diferente das tradicionais ou até mesmo desconsiderada sagrada.
Confesso que não entendo de futebol, nem ao menos tenho muita paciência para assistir; mas quando começa o jogo do meu time querido um espirito de competição pulsa nas minhas veias e me pego gritando com alguns juízes ou jogadores tanto do meu time como do adversário. Acredito que gostar de futebol seja uma herança de nós brasileiros, foi esse o esporte escolhido para ser idolatrado por nós e muitos estrangeiros pela beleza de jogadas e o respeito que deva existir.
Infelizmente muitos torcedores confundem os sentimentos; como disse anteriormente quando assisto à um jogo crio um sentimento de competição e esse sentimento possui outros derivados negativos porque afinal ninguém nunca quer perder. Mas a questão é até onde essa competição pode ir? Uma coisa é bem obvia essa competição acaba nos limites do campo. Então você torcedor invés de ficar xingando o adversário poderia mostrar ao mesmo que o seu time querido tem outros méritos à se orgulhar e se ele perdeu hoje talvez ganhe amanhã ou na próxima; como no próprio jogo tudo só é uma questão de tempo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Começos


Existe o começo, meio e fim. Os fins sempre são dolorosos envolvidos por mais alguns outros sentimentos e os meios é exatamente onde viveremos as histórias contadas logo depois do fim. Mas o começo é a melhor parte, é a primeira mordida dada numa barra de chocolate, a curiosidade com o receio, o romance escrito com letras negras num papel esquecido pronto para ser lido, a nova escolha feita, a história que se inicia, e claro, o novo caminho para se trilhar.
O começo é o esbarro no desconhecido. Por mais difícil que seja um, pelo medo de fracassar é esse que nos leva ao lugar que ambicionamos. Dizem por ai que o começo é o primeiro passo; na verdade o começo é sinônimo de escolhas, que apesar de se dividirem em boas ou más depende apenas do ponto de vista de quem vê.
Como o começo de uma história monótona com um final ainda não escrito apresento o meu começo como blogueira do “Jovem Idosa”, um blog feito por uma dona de sentimentos conflitantes com uma fascinação por histórias imaginárias.