Estou no mesmo corredor que
atravesso todos os dias com a mochila pesada, meu lanche na hora do intervalo,
meus amigos ou sozinha como estou agora.
O corredor continua com o mesmo
comprimento, cheio de portas de sala de aula com alunos brincando ou brigando
mas sempre em vozes elevada.
Lembra-se como andávamos devagar,
tentando remediar o máximo para chegar ao final do corredor e termos que nos
separar? Atravessamos tantas vezes esse corredor sempre absortos em conversas e
envolvidos em abraços. Aquele tempo parece ter sido tão longe agora, só me
lembro de tempos bons; do Sol quente e você reclamando por eu ainda estar de
moleton ou de você me guiando pelo meio das pessoas enquanto ficava de olhos
fechados com a cabeça encostada em seu peito. Tantas coisas aconteceram nesses
últimos tempos, perdi e ganhei tantos sentimentos, agora o que me restou foi a
travessia do corredor em dias chuvosos, ensolarados e nublados com uma neura de
perseguição na cabeça. Todos estão olhando para mim; para as minhas olheiras
profundas, para a minha franja loira no meio de tanto cabelos negros, ou o meu
moleton num dia de calor.
Meu pesadelo de ser perseguida
num corredor, aquele que acordava no meio da noite e te ligava agora está
acontecendo de verdade e diferente do sonho onde você me carregava para a
salvação são as minhas pernas que com algum esforço me tira do perigo. Por que
isso é a vida real e aqui não é um sonho, não existe tempo para esperar um
herói, a salvação depende de mim – fisicamente e psicologicamente.
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