domingo, 25 de setembro de 2011

Vendida



Me vendi! Admito, EU ME VENDI para a burguesia. Todos os planos de anos atrás e repudias são hoje totalmente diferentes.
Diga-me o que é se vender? Fazer novos amigos? Frequentar lugares burgueses? Vestir-se de um modo diferente? Enriquecer sua cultura? Foi por essas atitudes que fui julgada e condenada. Vocês dizem que eu mudei, jogo-lhes na cara que estou amadurecendo. Nossos caminhos pegaram atalhos diferentes, subir num ônibus verde não me contenta mais como a vocês, eu quero e preciso passear nos ônibus amarelos, azuis, vermelhos, todas as outras cores possíveis.
Não sou ingrata e deixo bem guardado todos os momentos que vivemos juntos, vocês todos me levaram de um jeito ou de outro para o lugar que estou hoje. Sinto falta de cada segundo que compartilhamos mas no entanto esses segundos já se passaram e agora vivemos outra realidade. Dói ver que o retrato foi o único a sobrar porém me dói ainda mais pensar que acabou, por isso estou sempre a espreita observando de longe cada vidinha que me alegra porque para mim amigos de verdade só lhe desejam o melhor mesmo de longe, muito longe.
Novamente admito que me vendi mas não me arrependo e parece ruim na sua percepção porém é um modo de vida legal e deslumbrante. Apostei alto, perdi e ganhei, estou feliz com cada decisão, todos os méritos são exclusivamente meus. Pareço uma traidora, mas nessa minha vida nada se perde tudo se agrega. Afinal uma vida de proletariada burguesa ainda é uma nova experiência, e toda experiência pode ser uma grande descoberta para o mundo ou um grande fracasso.

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